Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais

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ARNO

Pioneira na fabricação de motores elétricos no Brasil, a Arno colaborou em muito para a industrialização de São Paulo e do país. A empresa líder brasileira na indústria de produtos eletrodomésticos, fundada há quase setenta anos por um imigrante húngaro, é hoje uma empresa do Groupe SEB: grupo francês líder mundial e com atuação em mais de 120 países.

A história da Arno se confunde com a saga da família Arnstein, iniciada na cidade de Trieste, no então Império Austro-Húngaro. Em 1982, o Sr. Carlo Arnstein, conselheiro do Império Austro-Húngaro, criou uma empresa e iniciou a importação de café, em grande parte vindo do Brasil. Nas sacas do produto, ele passou a escrever a marca “Arno”, que viria a ser depois sinônimo comercial da família Arnstein e denominar a empresa até os dias atuais.

Durante a 1ª Guerra Mundial, o Sr. Arnstein comprou, por razões de patriotismo, vários Bônus de Guerra do governo Austro-Húngaro. Ao término da guerra, devido à desvalorização dos títulos, havia perdido todo o dinheiro investido. Entre os 4 filhos, a guerra levou também seu primogênito, que morrera em combate, e deixou um outro sem um dos braços. O clima de tensão pós-guerra, instaurado com a aproximação política de Mussolini e Hitler, levou à dispersão da família Arnstein. Foi quando dois dos filhos do Sr. Carlo Arnstein se mudaram para os Estados Unidos e, o filho mais novo Hans, decidiu se instalar no Brasil.

Em 1938, Hans Arnstein, rebatizado João, escolheu a cidade de São Paulo para recomeçar sua vida, mas agora na área da Indústria. Nesta época o Brasil ainda era pouco industrializado. A malha industrial que se formava na capital paulista era constituída em grande parte de pequenas empresas, com muitas dificuldades para se manter. O grosso da economia do país girava em torno do café. Foi nesse clima que João se lançou em várias atividades, como a fabricação de esquadrias para janelas, a exportação de madeira e de produtos químicos, entre outros. Porém não obteve sucesso em nenhuma delas. João decidiu, então, comprar uma fábrica de motores elétricos e, embora não estivesse familiarizado com a atividade, as demais foram dando lugar a ela, que prosperou.

Assim, em 1940, formalizou-se a criação da Construções Eletromecânicas Brasileiras LTDA., com capital de CR$600,00 (seiscentos cruzeiros), para a fabricação de motores elétricos. Em 1944, aconteceu a fusão com a Intermares LTDA., Brasselva LTDA. e Siltex LTDA., surgindo a Empresas Reunidas e Comércio Arno S.A. Um ano depois, a razão social foi alterada para ARNO S.A. - Indústria e Comércio.

Em 1949 observava-se o início da industrialização no Brasil. A fabricação de motores para a indústria era um dos setores de maior importância para impulsionar a economia do país, no qual a Arno teve papel decisivo. No mesmo ano a empresa começou a produzir eletrodomésticos: aspiradores, enceradeiras, liquidificadores e panelas de pressão. O design dos produtos era do grupo americano Sears, Roebuck & Co. que passou a distribuir uma parte da produção. A Arno ficou responsável pela venda da outra parte e passou a atender todo o território nacional.

No ano de 1952 a empresa, instalada na Av. do Estado, se mudou para o bairro da Mooca, centro de São Paulo, na Avenida Arno (ex-Avenida do Café), em uma área de 21.000 m2, destinada à fabricação de motores elétricos. Nesta época, 2/3 de suas vendas correspondiam aos motores elétricos e 1/3 a peças destinadas às indústrias automobilísticas e de eletrodomésticos. Também em 1952, João Arnstein passou a se chamar João Arnstein Arno. João Arnstein Arno morreu em 26 de agosto de 1957, com 57 anos. Felippe Arno, seu filho, então com 27 anos, sucedeu ao pai na presidência da empresa.

O crescimento da empresa era contínuo. Em 1958, a Arno passou a fabricar componentes Derco Remy para a General Motors. Um novo parque industrial foi inaugurado na Av. Arno, com 25.600 m2. Em 1961, começou a exportar liquidificadores para a Europa. Um ano depois, adquiriu um conjunto de edifícios na Rua Cel. Domingos Ferreira, no Ipiranga, com 23.600m2. Em 1964, a Arno se se associou à Asea Industrial S/A, empresa sueca que atuava na fabricação de equipamentos elétricos. Em 1965, iniciaram-se as vendas de liquidificadores para outros países da América Latina.

A década de 70 também foi marcada pela construção de novas unidades de produção e pela expansão do negócio. Em 1975, com a assinatura de um contrato de joint venture com a Skill, empresa americana de Chicago, fabricante de furadeiras elétricas, a Arno se tornou a primeira empresa brasileira a fabricar esta ferramenta, assim como outras ferramentas elétricas. Algum tempo mais tarde, a Arno adquiriu as ações da Skill no Brasil.

Ao longo da década de 1980, a empresa continuou seu processo de expansão. Em 1986, lançou uma grande novidade: uma lavadora sem secadora, mais acessível que os modelos existentes no mercado brasileiro. Já nos anos 90 a Arno gradativamente abandonou outros setores (auto-elétrico, automotivo) e se concentrou na produção de eletrodomésticos. Obteve a Certificação ISSO 9001, fundamental para a competitividade da empresa nos mercados nacional e internacional, e começou a trazer produtos de fora para completar suas linhas de produtos, como um ferro de passar da empresa espanhola Ufesa.

Diferentemente do que pensa a maioria das pessoas, uma empresa não é vendida exclusivamente quando está com problemas de caixa ou ultrapassada tecnologicamente. Quando não é a falta de uma linha sucessória treinada e motivada, às vezes os dirigentes simplesmente perdem o interesse em continuar no projeto, preferindo fazer outras coisas. A Arno já não era uma empresa pequena, o que exigia um comprador de peso, mesmo para sustentar sua crescente necessidade de competitividade.

Entre 1996 e 1997, o Groupe SEB, grupo francês líder mundial na fabricação de produtos eletrodomésticos, adquiriu o controle da líder brasileira Arno, começando com 52,38% (1997) e chegando a 97% das ações (1998). Em 2000, uma vez que o Groupe SEB havia adquirido a quase totalidade do capital da empresa, a Arno solicitou à Comissão de Valores Mobiliários o fechamento de seu Capital. O Grupo SEB passou a trabalhar por meio de Unidades de Negócios, responsáveis pelo desenvolvimento de estratégias globais que permitiram à marca Arno um crescimento contínuo. Além disso, buscou fortalecer sua posição de líder de mercado em produtos chaves e também melhorar o aproveitamento de desenvolvimento de produtos, estratégias de mercado e política industrial.

A partir de então, houve a centralização da produção em 3 unidades fabris em São Paulo (antes eram 4) e o lançamento de outras ações para racionalizar o trabalho e aumentar a produtividade. Houve, também, o reforço da marca Arno com o lançamento de novos produtos, como a nova linha de liquidificadores (Faciliq, Faciclick, etc), espremedor de frutas Facipress, panela a vapor Aquatimer, ventiladores de pedestal e de parede, máquina de lavar semi-automática, churrasqueira Performio, processador, liquidificador Kaleor e tostador Arno.

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